“Se hai umha estratégia política com todo um potencial por desenvolver essa é a dos amores transfronteiriços: tecer afetos e vida comunitária traspassando as barreiras, as fronteiras, os limites. A arte está em fazê-lo desde abaixo, desmontando as relaçons de poder, porque para que os amores entre diferentes podam florescer é preciso abordarmo-nos de igual a igual”
Rubem Centeno Paradela (1972, A Crunha – Galiza)
Começamos o ano com a incorporaçom de duas novas Reviradas na equipa editorial, a Ana na Corunha e a Paloma conectando-nos com o mundo em Kuala Lumpur. Estamos muito contentes com elas duas, com a sua força, energia, esse ar fresco e carácter rabudo, com as ideias claras que tanto desejávamos e precisávamos. Obrigadas às duas!!!! E também a todas as que respondestes ao nosso chamamento, esperamos aos poucos ir ampliando a família revirada.
Neste terceiro número de Revirada, agora também em papel, abrimos debate sobre as Identidades. Essas que configuram a diversidade social em que nos construímos e deconstruímos ou só existimos como podemos ou nos deixam. Essas identidades que às vezes se bloqueiam as umhas às outras, onde nom há confluência possível, onde o passo final parece ser a desapariçom. As identidades dos corpos, sexuais, nacionais, do território que ocupamos, de como amamos… Essa diversidade de seres e sentires, de pensares e fazeres que ao ler, ver, ouvir as propostas enviadas a esta revista parece que criam um universo infinito onde nos perder para sempre.
Mas, que se passa quando se expressam as identidades nom reconhecidas pelo status quo? As identidades migrantes, transgénero, as identidades assediadas, violentadas, negadas e as que finalmente encontram coragem para assinalar os seus agressores? Que se passa quando umha identidade nacional como a Catalã decide expressar-se como se tivesse direito a existir? Ergue-se do seu podium essa identidade masculinista, heteropatriarcal, endocêntrica, biologicista, colonizadora e opressora disposta a fazer o que seja para nom perder o seu privilégio e impunidade, para nos partir a alma, para nos fazer desaparecer. Que alternativas ficam para nós além da força coletiva tornando a nossa diversidade e diferenças nas armas poderosas que terminaram com o ditador?
Umha pessoa que na nossa cidade, a Corunha, é exemplo dessa luita transfronteiriça, capaz de criar pontes entre as diferenças de umhas e outras, é a quem lhe dedicamos este número. Rubem Centeno Paradela, a nossa amiga, a nossa mestra, a nossa referência. Ativista do movimento queer feminista crunhês, sociólogo, reintegracionista, foi parte do movimento de insubmissom, dos coletivos Milhomes, Maribolheras Precárias, da COFLHEE (coordenadora de frentes de libertaçom do estado espanhol), tecendo redes e participando dos diferentes movimentos sociais da cidade, muitos dos que nasceram ou conspiraram entre as paredes do seu mítico bar O Patachim na rua Beiramar. Exemplo da interseccionalidade, que agora está tam de moda, mas que ele soube pôr na prática desde há muito tempo e entrelaçar-nos criando comunidades de resistência e afetividade. A Revirada é também umha consequência dessa visom e maneira de entender a luta social que tam generosamente nos ofereceu Rubem.
Equipa editorial Revirada, revista feminista,
Março, 2018
EDITORIAL
Rubem Centeno Paradela (1972, A Crunha – Galiza)
ARTE E CULTURA
Ensamblaxe e manipulación urbana polo Colectivo LAG. Lara Buyo e Ana Corujo
Défense d’afficher (Paris, 1937) por Alexandra Nette
Quen son? por Elena Agrelo
OPINIOM
A identidade como resistencia por Sabela Losada Cortiza
A mediación penal, unha alternativa á resolución do conflito na violencia de xénero? por Ana García – Femlegal
Discreto, non ambiente e sen pluma: a consolidación do autoodio no mundo marica por Angel Amaro
Fartas de ser invisibles por Beatriz Gómez Gómez
Nin muller nin home por Inés López
Sobre o feminismo. Avatares Feministas por Bermud W.
POLÍTICA E SOCIEDADE
Os usos da española: un percorrido polo século XX por Enya Antelo
|artigo central|As Brigantias Roller Derby: mulleres ‘on wheels’ no corazón de Monte Alto por Ana Fernández
|internacional|Angola, Coimbra, Lisboa. Trabalhadoras chinesas no mundo por Mariola Mourelo
|eventos| II Encontro Mulheres e Lusofonia. Mulheres, Territórios e Memórias. Compostela, 6, 7 e 8 de Abril
ENTRETIMENTO
Trivial Feminista
FAI-NO-TI-MESMA
A insoportable burocracia de ser atónoma – Capítulo IV por Helena Sanmamede
Biscoito de chocolate con cabaza ou cabaciña por Andrea Vegabreu
Liberdades fundamentais na informática – III por Laura M. Castro
Sou feminista… e agora que? Feminismos à la carte por Mariola Mourelo
LITERATURA
A palavra salva por Carol Gonzáles
Arder por Ana Fernández
Chã das Pretas – Um ritual de amor por Emmanuelle Goés
“Comezar de cero, voces de mulleres recuperando as súas vidas” resenha literária por Libraria Lilith
Esse é o último depois da chuva por Thayane Gaspar
Gosto do verbo gostar por Nuria Otero
O rapto d’Alice por Cláudia Kover
Relato por Ana
Sentidos por Tatiana Canas
GALERIA
Sem título por Marta Girón
VIDEOS E RADIOS
abc por ColectivoLAG
(ser) Molecular por Xeito
CLASSIFICADAS
Projectos laborais e de vida feminista
CONVOCATÓRIA Nº4
O trabalho ou a Vida!