por Revirada Feminista
Neste novo número, o terceiro já que vê a luz desde que começou a pandemia da Covid, apresentam-se reflexões sobre os ciberfeminismos, o ativismo que se move na realidade virtual, com toda a sua diversidade e, portanto, complexidade.
Pensávamos que íamos receber propostas que alimentassem o confronto e a polaridade entre o feminismo físico e o virtual. No entanto, o que nos encontramos, talvez devido à situaçom de reclusom continuada e, portanto, necessidade de acelerar um iminente processo de digitalizaçom da sociedade – ocidental principalmente, mas nom só – foi algo mais tranquilo e reflexivo.
O debate e a construçom de discurso e açom feminista já nom é tanto umha comparativa absolutista do que é melhor ou pior, de escolher e validar umha opçom por cima da outra. Fica insuficiente a idealizaçom de um passado físico e corporal de camaradagem feminina perfeita, em que nos olharmos, tocarmos, ou sentirmos umhas às outras era o principal espaço de pensamento e açom. Embora conscientes, talvez mais do que nunca, da sua importância na nossa saúde coletiva e pessoal, reconhecemos, que de facto, a participaçom e assistência a atos presenciais – antes da pandemia – estava a ser cada vez mais complicada, menos numerosa e com menos capacidade de criar laços pessoais e políticos. Mas as reflexões atuais também nom conectam com a sobrevalorizaçom das ferramentas digitais de um ativismo quebra-fronteiras de clique imediato, onde todas as mulheres podemos, aparentemente, participar democraticamente no feminismo e na sociedade. Se bem que, é inegável, a Internet tenha permitido umha certa atividade durante este último ano, nom conseguiu transformar-nos, nem resolver os problemas que já tínhamos.
O diálogo entom que se apresenta nas propostas visuais, literárias e políticas deste número 8, desenvolvem-se à volta de como é que se está a utilizar este espaço de comunicaçom e açom. Se, por acaso, se está a tirar proveito do inovador formato eletrónico para criar e construir realidades fora das dinâmicas heteropatriarcais, ou se polo contrário apenas estám a ser reproduzidos os mesmos estereótipos homem vs mulher, mudando ligeiramente, se calhar por umha aparência e estética moderna e chique, mas vazia.
Encontrar o equilíbrio entre o mundo “natural” e o “artificial” – ambos os conceitos tam humanos – é algo sempre sugestivo, e a possibilidade de fazer umha escolha, do que mais nos interessa de um e do outro lado, pode ser realmente o que contribuirá para fazer a nossa vida melhor. Cá nesta revista que têm entre as mãos ou em frente do seu ecrã, encontramos algumhas dessas experiências, ideias, reflexões no âmbito da arte, fotografia, sexualidade, ativismo coletivo e consciência pessoal e política, que nos farám pensar, e com certeza encontrar algumhas respostas, e desejavelmente, muitas outras novas dúvidas e perguntas.
Nesta primavera de 2021 há com certeza muitas companheiras no feminismo a quem poder dedicar este número, a quem reconhecer o esforço em adaptar-se para continuar com a resistência feminista. Enquanto pensávamos nisto olhamos para nós próprias, sobrevivendo a esta pandemia como projeto de mais de 5 anos, acolhendo novas companheiras, e dizendo temporariamente adeus a outras, sem nos podermos abraçar, falar e sentir fisicamente. Habituadas, sim, pois o ciberativismo é parte inata da Revirada, mas tendo agora que fazer da comunicaçom eletrónica a nossa única e principal fonte de criaçom e relacionamento, sem contar com a energia que as atividades presenciais entre nós e com a comunidade de colaboradoras e leitoras da Revirada nos dava.
Por isso, este número quer visibilizar a equipa editorial da Revirada, as que sustentam o dia a dia, o trabalho de ideaçom, montagem e organizaçom da revista, quer dizer, o trabalho reprodutivo e menos glamoroso. E deste jeito dedicá-lo também a todas aquelas que se encarregam destas tarefas nos seus coletivos e iniciativas feministas.
Desfrutem desta viagem feminista connosco, virtual, através da nossa web e redes sociais, e física, lendo-nos na revista em papel que podem encontrar nos pontos de venda mais próximos ou subscrevendo-se anualmente à Revirada.
EDITORIAL E CAPA
Editorial por Revirada Feminista
Capa por Francisca Dan
Contracapa por Ana Velozo
SABIAS QUE?
Sabias que? O que somos / O que nom somos na Revirada por Revirada Feminista
POLÍTICA E SOCIEDADE
Aliados e oponentes cibernéticos do ativismo feminista por Lívia Gaudencio
OPINIOM
É posible unha fotografía sostíbel? por Verónica Ramilo Graña
Non sendo o ideal, nin tan mal! por Naiara González Fontenla e Noelia Darriba García
Tecer saúde comunitária em contextos de virtualidade: oportunidades e desafios por Maria Fidalgo
Ciberactivismos feministas: actrices políticas e participación por Lara Iglesias Formoso
Ciberfeminismo(s), privilégio e brecha digital por Daniela Felipe Bento
La expansión de la estratificación social: de los medios de comunicación convencionales a las comunidades virtuales por Aranxa Vicens
A movida de quererse cyborg: reflexións e incomodidades por Ana Fernández
ARTIGO CENTRAL
Como felinas ciberfeministas por Nerea Z. López Campaña
ARTE E CULTURA
Khipus computador prehispánico electrotéxtil por Verónica Ramilo Graña
Filtraxe por Bea Saiáns
O novo pracer frío e instantáneo por Ana B.
LITERATURA
Conduzo, não sou conduzida por Lígia Velozo Crispino
Carmim por Lígia Velozo Crispino
Resenhas literarias n.8 por Libraria Lila de Lilith
Sair da noite escura por Andrés Cernadas Ramos
SEXUALIDADES, AFECTOS E SAÚDE
Masturbación virtual e corazón de algoritmo por Sheila Fernández Míguez
FAI-NO-TI-MESMA
As mulleres ou o caos por Laura M. Castro
A insoportable burocracia de ser “autónoma” – Capítulo IX/ por Helena Sanmamede Maneiro
Reflexións entre puntadas – Autosuficiencia colectiva por Ester (EO) Proxecto Xerminando
O Síndrome PreMenstrual (SPM) e a menstruación en tempos da COVID 19 e como a nutrición e o estilo de vida poden axudar Por Laura Piteira
ENTRETIMENTO
Entretimento n. 8 por Revirada Feminista
Horóscopo TODO MAL por Paloma F. Balado e Nerea Z. López Campaña