Escrevo isto depressa, no dia posterior ao despejo d’A Insumisa. Decepcionada nom estou com o concelho da Marea (ou o chalé de Podemos)… nom é essa a palavra, agora explico. Explico de onde falo, da minha experiência ( sem ánimo de obter “pedigree” de nada, nem exercer de “abuela batallitas”, ainda tenho muito por aprender) mas sim por expressar a minha opiniom, e de passo se serve a alguém.

Comecei no ativismo num centro social okupado em 1992. Ali havia tempo, tardes inteiras a aprender, das compas, dos materiais “alternativos”… numa dessas tardes descubrim um relato de tortura em primeira pessoa. Era contemporáneo, na Espanha, de uma mulher, uma presa comunista, com agressom sexual incluída (vou-vos poupar os detalhes, que ainda o lembro 25 anos depois…)

Vamos ver. A informaçom é poder, e a consciéncia é o que tem, a onde chega nom hai volta atrás. Nom voltei confiar no Estado, como mínimo no espanhol.

Também descubrim que os partidos de esquerda, fazem de substituiçom ao poder estabelecido, mudar algumas cousas, para contentar a gente num dado momento de crise, e que nada central mude. Já passaram os 80s, e a prova co PSOE estava clara.

(Desculpai o revival da pubertade, também lembro que na turma da escola fizéramos um referendum sobre a entrada na OTAN, coa mestra apoiando o Sim toma imparcialidade haha! votei Nom… e  também me decepcionou o resultado do referendo real).

Aprendi, enfim, que o sistema é falsamente democrata, por várias razons. A tortura parecia-me uma suficiente; chamai-me de radical… Outros motivos eram a negaçom do direito de auto-determinaçom, por exemplo; ou a lei eleitoral feita para o bipartidismo; a falsa Transición ejemplar… etc (……………………………………………………………..   ponha aqui a sua).

Em consequéncia, durante muitos anos nas eleiçons fui abstencionista (oh sacrosanto direito ao voto);  já estragara a minha estrea aos 18 anos, votando no PSOE (sim gente!! Nojo…) porque uma militante me dera um programa eleitoral na rua, e este convencera-me. Deveu ser o voto que mais barato lhes saiu, hahaha!

Nunca mais, bendita consciéncia. A partir de aí nom votei ou foi com voto nulo; por exemplo, aquel 2008 em que o 8 de Março caira na jornada de “reflexom” e estava em questom o tema do aborto…(over and over) No dia seguinte, um grupo de mulheres percorrimos ruas e colégios eleitorais vestidas de sufragistas, com lemas em defesa dos nossos direitos. E votamos com uma engraçada papeleta (O quadro “L’origine du monde” com o lema Na minha cona nom manda ninguém)

http://lerchas.blogspot.com.es/2008/03/aborto-livre.html

https://tribunafeminista.elplural.com/2018/02/lorigine-du-monde-de-gustave-courbet/

Nos últimos anos mudei de posiçom, usando o voto a nível local como tática para tentar impedir maiorias absolutas, porque me fartei. No meu caso nom votei na Marea. E se o fizera, seria tendo em conta o anterior.

Acho que nom som os partidos quem muda desde o poder; quase sempre é o poder que muda os partidos. Uma olhada à história, por favor… E quem se apresenta a eleiçons, deve saber isto e é algo cínica; ou nom sabe e é ingénua (?) Ou tenta fazer o possível com o que hai, mas sem prometer o que nom pode… Se hai outra opçom, agradeço que alguém me esclareça.

Pessoalmente, nom consigo compreender por que alguém tem interesse em se meter a brigar num espaço institucional; e conheço pessoas honestas e chapeau por elas, (a mim só pensa-lo dá-me um repelús…) Por se nom ficou claro, acho que já se encarrega o sistema de que as alternativas reais nom cheguem ao “poder”, e se chegam, nom podam fazer demasiado, mareadas entre a burocracia, os pesados ritmos institucionais, as tentaçons dos privilégios e a corrupçom, a imprensa empresarial em contra…etcetc. (fala algo disto este livro gostoso de ler, “Arrojado a los leones”

http://www.icariaeditorial.com/libros.php?id=1443)

Total, que os desgastes dos novos partidos, as “traiçons” , as gambadas… som questom de tempo.

Talvez alguém digades: e logo como pensa esta mulher mudar as cousas?

Chamai-me de parva se quiserdes, mas para mim continua a ser… desde abaixo. No único que acredito é nos movimentos sociais. No povo auto-organizado. No povo a exercer o seu poder. Também é certo que nom tenho 25 anos e nom penso exatamente igual. Nom sou contra a representaçom institucional. Sabendo que é apenas um braço mais do corpo. Só isso. Podemos diferir na importáncia que lhe damos, mas ter claro que esse espaço nom é o fulcral nem pôr ali toda a energia. Um exemplo, o movimento popular basco de libertaçom chegou a ter representantes; de um movimento vivo e amplo, nom 4 iluminades. Uma representante é uma pessoa escolhida, nom uma “leader” patriarcal (como dizem agora na tele, a copiar dos anglos) É uma servidora pois, antes e depois de estar num cargo. Fácil de dizer e difícil de manter.

O movimento social nom é uma base votante, ou uma massa mais ou menos participativa nas redes sociais; é a alma, o centro de todo o demais. Vive além dos sucessos e fracassos eleitorais. Tem a sua agenda, nom curtopracista. Tem um percurso feito e a olhada cara adiante, além do presentismo.

E isso, aqui e em quase todo o Reino, é fraco demais. Lamento que o BNG deixara esse caminho hai tantos anos, foi uma grande perda para este país (sim, Galiza; olá… ainda existimos), e acabou por paga-lo caro, na minha opiniom.

Mas temos do nosso lado a esperança (como diria Boaventura de Sousa Santos nom é?) Quero aqui agradecer o fermoso, certeiro e plural artigo que a gente do centro social A Comuna adicou à sua irmá A Insumisa. Sodes das imprescindíveis, sodes da gente que me faz acreditar e mantém o lume vivo.

https://www.elsaltodiario.com/ocupacion/se-tocan-a-un-(centro-social-tocannos)-a-todos

Casualidades da vida, escrevo isto no 24 de Maio, em que durante anos celebrámos o dia da Mulher Anti-militarista, porque sem ter que ir à mili, tinhamos e temos muitos motivos para nos declarar INSUBMISSAS.

*”Nom te vaias rianjeira, que te podes marear” 😉

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