por Giada Maria Barcellona

Título: Yo, vieja

Autora: Anna Freixas

Editorial: Capitán Swing Libros, S.L.

Sempre presente está o reconhecimento da força “tsunami” das velhas unidas, da força da uniom entre veteranas.

 

Na capa umha senhora idosa – umha velha – que escreve num muro YO VIEJA, como se fosse um grafite. O subtítulo: Apuntes de supervivencia para seres libres.

O livro poderia definir-se como um manual de auto-ajuda pessoal e política rumo a umha velhice livre, consciente, digna, resistente e, na medida do possível, feliz. As chaves? Consciência, senso de humor e resistência.

A obra mistura análise feminista da realidade e conselhos práticos num tom sincero, em equilíbrio entre a consciência das dificuldades dum período vital cheio de obstáculos e sombras e a vontade de nom desistir. Ao longo das páginas, Anna Freixas procura traçar caminhos alternativos a um “cego otimismo” ou a um “desánimo sombrio”: reflete e aconselha num estilo fluente, numa linguagem precisa, cordial e amiga.

Insiste na necessidade de aproveitar a experiência acumulada com o passar dos anos para minimizar e enfrentar as dificuldades com energia, mas também com umha boa dose de humor.

Humor e empatia percorrem o livro e fica claro que a autora se identifica com o que escreve e nom sobe à cátedra para dar conselhos estéreis.

Logo desde o início do livro as pessoas de idade som chamadas velhas. Insiste-se em encher de orgulho esta palavra, em “integrar a idade na nossa identidade, para manter umha simbiose entre corpo e idade”. Com meticulosidade, Anna Freixas identifica e denuncia discriminações e ataques mais ou menos ocultos à liberdade de decisom, aos direitos das idosas para umha vida plena e digna. Dedica a parte final de cada capítulo a umha agradável e detalhada lista de sugestões práticas para resistir: desde reivindicar o uso da bengala a comunicar-se com a família para exigir liberdade até umha extensa lista de direitos humanos a reivindicar. Questões como o direito à saúde, a estética, a sensualidade, a liberdade de decisom, as relações pessoais e sociais, a gestom económico-financeira, o direito à escolha da moradia som tratadas com riqueza de detalhes numha longa lista de reivindicações. Quando os mídia convencionais abordam estes temas, as pessoas idosas nom som protagonistas ativas ou quando isso acontece, estereótipos invalidantes transbordam e consolidam a discriminaçom, a opressom e a hipocrisia condescendentes dumha sociedade que continua a ignorar os aspetos políticos, sociais, económicos e pessoais das velhas.

Ao longo do livro é reconhecido o papel de “salva-vidas” do feminismo relativamente às melhorias conseguidas na vida das mulheres idosas e à justiça social.

E sempre presente está o reconhecimento da força “tsunami” das velhas unidas, da força da uniom entre veteranas. O conselho do livro é individual, dirigido para umha tu velha, mas o nós da autora é um hino a um ativismo antigo que deve liderar a mudança social.

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Giada Maria Barcellona

É ativista feminista e fai parte da equipa editorial da Revirada.

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