Entradas e saídas da Revirada durante o ano 2022
pola Equipa Revirada Feminista
Este ano começou na Revirada com a necessidade de sermos quem de cuidar das nossas vidas individuais sem desleixar as vidas coletivas, e em específico a do nosso projeto comum.
Na Revirada, muitas vezes conseguimos encontrar esse refúgio onde aquecer depois de um dia de tempestade, onde superar uma pandemia que nos isolou de um mundo que já nos estava a isolar. Resistir e construir dous números foi um ato de cuidado comunitário mas também de autocuidado feminista, sendo impossível um existir sem o outro.
Porém, chegou também o momento de abrir as portas para novas companheiras que se quiseram unir à equipa editorial da revista, e portanto, cuidar do projeto, e dizer adeus àquelas que precisavam cuidar de outros desejos e necessidades próprias.
Desta maneira despedimos as companheiras Paloma Fidalgo e Nerea Z López Campaña que tanto ajudaram a transformar a Revirada.

Paloma F. Balado
Paloma contagiou-nos da sua energia e pragmatismo. A ela devemos a dinamizaçom das redes sociais, os artigos nunca indiferentes combinando o humor e ironia com a intençom de dar voz a quem incomoda. Essa é a nossa Paloma, e assim sempre a queremos.

Nerea Z. López Campaña
A Nerea, uma caixa de palavras e pensamentos complexos e maravilhosos, que nunca nos deixam de surpreender. Umha guerreira de doçura e coragem a construir-se a si mesma e a oferecer o coraçom sempre que for necessário.
Ficamos neste barco a Giada, a Ana e a Mariola, com a Sara em licença de maternidade, e recebemos a Daniela na equipa editorial. Alegres por termos navegado juntas nesta viagem que é cuidar e criar a Revirada e a comunidade que a conforma.
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A minha chegada à Revirada, Revista Feminista
por Daniela Filipe Bento
Conheci a Revirada há alguns anos atrás, penso que entre 2019 e 2020, através de uma pessoa que me é muito especial e a qual agradeço imenso que, nestes últimos 4 anos, me tenha ajudado e incentivado a contribuir nas propostas que me foram chegando. Não posso, nunca, deixar assim de agradecer a Mari Fidalgo[1] por todo o meu processo de aproximação à Galiza e das longas conversas e debates que temos tido sobre feminismo e movimentos sociais.
Foi neste contexto que a vontade de contribuir para o projecto cresceu e, dado o meu gosto pela escrita, senti que poderia ser uma excelente oportunidade de me poder exprimir e experimentar diferentes tópicos. Porém, no início sentia que o fato de escrever em português e ser uma colaboração fora da Galiza poderia ser um impeditivo. Pelo contrário, a recepção foi boa e calorosa. Com vontade de levar perto, mas também mais longe.
Fiz a minha primeira contribuição no número “Terra, Pele e Água” (número 7). Um começo tímido, mas que resultou num texto que gostei muito de escrever.
Contribui nos últimos 3 números com os artigos “Porque sendo eu, eu sou “[4] (número 7), “Ciberfeminismo(s), Privilégio e Brecha Digital”[3] (número 8) e “Ser Mulher Trans (e Não-Binária)”[2] (número 9). Artigos que me deram muito prazer a escrever. Este último artigo, na revista número 9 “Transdiálogos feministas – Nom sou eu umha mulher?”, seleccionado como artigo central desta edição, foi apresentado na casa Xohana Torres em Santiago de Compostela, Galiza. Uma sessão na qual falamos dos desafios que encontramos enquanto pessoas trans no feminismo e na sociedade de uma forma mais geral.
Foi nesta apresentação que pensei que gostaria de integrar a equipa editorial e poder contribuir de uma forma mais ativa neste projecto. Desde que conheço a revista senti que tem muito potencial e grande capacidade de incidência política na comunidade em geral – dentro dos círculos do ativismo e não só.
Durante este período comecei a tratar da distribuição da Revirada em Lisboa, sendo uma das pessoas de referência em Portugal para a venda da revista. Função que ainda estou a aprender, mas que com a prática e o tempo será mais fácil conseguir fazê-la chegar a Lisboa e mais além.
Acredito que projetos autogeridos como este devem existir. Ajudar a garantir espaço para as vozes, que são continuamente apagadas, poderem reclamar o seu espaço. É um espaço de partilha e de cuidado. É um espaço onde nos nutrimos de boas emoções, de apoio e construção interpessoal.
É neste percurso que recebo o convite para integrar a equipa. Aceitei com entusiasmo a ideia, pois era algo que já tinha ponderado propor-me. Neste momento ainda estou a aprender como funcionam as logísticas, os espaços, as reuniões, mas tem sido um processo enriquecedor. Acredito que nos próximos meses será um pouco mais fácil e terei mais capacidade de trazer sugestões, ideias e contribuições.
Não vou deixar de escrever, porque essa é uma parte importante da minha colaboração com a Revirada. Continuarei a colocar a minha energia e carinho em cada palavra que escrevo, em cada publicação que planeio e em cada artigo partilhado.
Com carinho,
Daniela Filipe Bento (Dani Bento)
[1] – https://www.biodanzacheiadevida.com/sobre-mim/
[2] – https://reviradafeminista.com/sendo-eu-eu-sou/
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Paloma F. Balado
Galega residente na Malasia. Movéndome entre contrastes retratando o mundo con ironía.
Nerea Z. López Campaña
Coa memoria escribo a historia dunha lembraza.
Daniela Filipe Bento (Dani Bento)
Natural do Cartaxo, Portugal, aos 18 anos embarca numa viagem até Lisboa onde inicia a sua exploração identitária e política. É aqui que se descobre dissidente em vários eixos identitários, contestando e provocando as normas sociais vigentes que atuam na transversalidade da vida. Vem participando em vários debates, palestras e rodas de conversa procurando sempre um debate crítico e construtivo desde uma perspectiva interseccional e transfeminista.