por Mariola Mourelo

Longe ficam os 8 de março minoritários com basicamente os grupos feministas autónomos e mulheres de alguns partidos políticos, sindicatos, ou gente espontânea a achegar-se à praça ou rua de costume, ler um extenso manifesto e voltar para casa.

Em 2017 e agora neste 2018 é evidente que quando os tempos mudam, mudam de verdade. Encontramo-nos com engarrafamentos nas ruas, avenidas e praças que nom som o suficientemente largas e compridas para acolher milheiros de pessoas. Gente que nem toda é feminista, nem o quer ser, a unir-se à marcha, a seguir ao resto, ou apoiar talvez umha questom concreta, a violência machista, o intolerável e crescente número de mulheres assassinadas, estupradas, assediadas cada ano, ou a vergonhenta desigualdade salarial e desvalorizaçom da nossa vida, trabalho e corpo, porque odiar as mulheres já nom é tolerável, polo menos nom o 8M.

Tamém se unem outras mulheres, e homens, de diferentes idades, muitas jovens, e alegra dizer isto, muitas jovens, que entram com força neste mundo lilás encontrando nesta onda de multidom, neste dia concreto, um lugar onde berrar e desabafar tanta raiva contida.

Estas som as que mais nos interessam, às quais devemos dedicar tempo e energia, abrindo espaços de debate e açom e fortalecer e garantir a continuidade do movimento feminista, nom só no 8M mas durante o resto do ano.

As que vêm e vam, que aparecem quando há uma câmara próxima, umha oportunidade de engadir pontos de popularidade na sua carreira política ou pessoal, essas nom devem importunar o nosso caminho, que é, sabemos, imparável.

É difícil para as companheiras que persistem na organizaçom destes inesperados macroeventos feministas manter a calma e continuar a representar um feminismo galego profundamente independente, descolonizador, galeguista, guerrilheiro e de classe. É difícil para elas nom ceder espaço a esse igualismo burguês de sucursal de Madrid que se quer apoderar do feminismo galego para desvirtuar o seu poder transformador.

Eu estou-lhes imensamente agradecida. Por isso escrevo este texto, para reconhecê-las e para pedir apoio a todas as que ficamos fora do 8M por alguma razom, para as ajudar, participar fisicamente nessa parte mais invisível que é a organizaçom de qualquer evento ativista. Especialmente em macroeventos de 40.000 pessoas na Crunha, 100.000 em Vigo ou 20.000 em Compostela (números institucionais) nom som suficientes as mãos que se precisam. Podemos nom estar em todo o processo, mas talvez substituir as companheiras e levar a carga nos dias concretos e deixar que elas podam tamém desfrutar do trabalho feito durante meses.

Se somos mais, mais poderemos tamém celebrar o feminismo nosso e abri-lo a outras que podam estar à nossa procura.

Se os macro-8M podem ser algo bom para o feminismo, e portanto para a sociedade, é se todas as mais rabudas participamos dele com o olhar posto no encontro e fortalecimento do nosso movimento, nom como um dia espetáculo de “pom e tira”, mas como um ponto parágrafo para construirmos juntas um mundo diferente.

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